quinta-feira, 26 de julho de 2012

Drawing and painting

Another quick post to show an illuminure I've just finished, based upon a french Book of Hours (1st quarter of the 15 century). It is one of my favorite styles of manuscript decoration, but it takes lots of time to draw and paint, and a huge amount of patience! 



The drawing of St. Catherine is also finished. I really need to get more practice with gold leaf...



Meanwhile Ana has started another tablet weaving band (silk brocade), here's a picture of the work in progress.



We didn't forget the silkworms project, but I need to build a couple of instruments before we can start the experiment! Stay in touch :)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A letter from 1212 and some notes about the portuguese dating system

And now a quick jump to the early 13th century... My last request from a friend was to write a letter from the alcaide (municipal magistrate) of Algoso, a castle in northeast region of Portugal, to be delivered to the Archbishop of Toledo along with the arrival of portuguese troops to aid in the battle of Las Navas de Tolosa (1212), an important turning point in the iberian Reconquista. 
Originally there is no proof that such letter had ever been written, but the document will be presented to the archbishop in the arrival of portuguese participants in the event - the 800th anniversary of the Las Navas de Tolosa, by a group of friends who will attend the recreation of the battle in Spain.


Now, a historical curiosity for our dedicated readers (we know who you are! :D). Until 1422 all documents in Portugal were dated with the Caeser Era, or Hispanic Era. In the beginning of the Pax Romana in Hispania, a new dating system was set and the year 1 of Caeser Era corresponds with 38 B.C. So, until late middle ages, the iberian kingdoms used this system, and Portugal was one of the last converting to the Anno Domini system by a royal decreet of King John I in August 22, 1422 (or, Era MCDLX).
For example, in the letter above, altough the battle was in 1212 AD, the document reads "written in Era (of Caesar) MCCL" - Era of 1250 (1212 + 38).
Below, two original documents, the first from August 12, 1422 (before the royal decreet) in wich can be read in the last line "era de mill & iiii xl anos" (MIIIIXL) = Era of 1460 - and another from September 11, 1422 (after the royal decreet), in which can be read "era da nascença de nosso senhor Jhu Xpo de mill e iiii xxii anos" (MIIIIXXII) - Year of the birth of our lord Jesus Christ of 1422".

1422, Agosto, 12, Óbidos – O infante D. Duarte esclarece algumas dúvidas colocadas por Vasco Fernandes de Távora e Armand Boutin, respectivamente anadel-mor dos besteiros do conto e escrivão da anadelaria-mor, sobre o recrutamento dos besteiros do conto.
PT/AMLSB/AL/CMLSB/ADMG-E/09/315
ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA - ARQUIVO HISTÓRICO, Livro dos Pregos, doc. 315

1422, Setembro, 11, Soure21 – D. João I, a pedido do concelho de Lisboa, isenta do pagamento de sisa, durante um ano, todos aqueles que trouxerem cereais para vender na cidade.
PT/AMLSB/AL/CMLSB/ADMG-E/02/0206
ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA - ARQUIVO HISTÓRICO, Livro I do Provimento do Pão, doc. 6
  So, imagine that they hadn't change it... Today would be July 11, 2050! :)

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Drawings and embroidery

Just a quick post with two pictures of a drawing I'm currently painting (St. Catherine based on a illuminure from a book of hours of King D. Duarte of Portugal - 15th century) and Ana's embroidery, based on a portuguese fairy tale (The Crow's bride).




Um post rápido com duas fotografias de trabalhos que temos em mãos: um desenho de Stª. Catarina, baseado numa iluminura do Livro de Horas de D. Duarte (Séc. XV) e um bordado da Ana, baseado numa lenda medieval portuguesa - A noiva do Corvo


Havia n'uma terra uma mulher, que tinha em sua companhia um corvo. Defronte d'ela moravam três raparigas muito lindas. Como o corvo queria casar, mandou falar á mais velha; respondeu-lhe que não, e o corvo raivoso arrancou-lhe os olhos. Sucedeu o mesmo com a segunda, até que a terceira sempre se sujeitou a casar com o corvo.
Tempos depois de já viverem na sua casa, a rapariga falou a uma vizinha no seu desgosto de estar casada com um corvo; a vizinha aconselhou-lhe que lhe chamuscasse as penas, porque podia ser obra de encantamento, e assim se quebraria. Quando á noite se foram os dois deitar, a rapariga chegou a candeia às penas do corvo; ele acordou logo, dando um grande berro:
- Ai, que me dobraste o meu encantamento! Se me queres salvar, vai pôr-te àquela janela, e todos os pássaros que vires, chama-os e pede-lhes assim: «Venham, passarinhos, venham despir-se para vestir el-rei que está nu». De facto os passarinhos começaram a vir poisar na janela, e cada um deixava cair uma pena com que o corvo se foi cobrindo. Depois que ficou outra vez emplumado, o corvo bateu as asas, e desapareceu, dizendo para a mulher:

Agora se me quiseres tornar a ver
Sapatos de ferro hás-de romper.

A pobre rapariga ficou sozinha toda aquela noite, e logo que amanheceu foi comprar uns sapatos de ferro e meteu-se a correr o mundo. Tinha os sapatos quase estragados de andar, quando encontrou um velho e lhe perguntou se não tinha visto um pássaro. O velho respondeu:
- Eu venho da fonte da Madrepérola, onde estavam bastantes.
Ela continuou o seu caminho, e antes de chegar á fonte ali encontrou um corvo, que lhe disse:
- Olha, se quiseres salvar o rei, vai á fonte, onde estará uma lavandeira a lavar um vestido de penas, tira-lho e lava-o tu. Ao pé da fonte está uma casa, e um velho que a guarda; entra aí, mata o velho para poderes quebrar todas as gaiolas e dar a liberdade aos pássaros que ele tem lá presos.
A rapariga chegou á fonte, e fez como o corvo lhe tinha dito; lavou o vestido de penas, e depois entrou na casa onde estava o velho, fingiu que via vir pelo mar uma linda embarcação; o velho chegou-se á janela e a rapariga pegou-lhe pelas pernas e deitou-o ao mar. Depois quebrou todas as gaiolas e os pássaros em liberdade tornaram-se príncipes que estavam encantados, e entre eles estava o seu marido, que era rei e lhes pôs obrigação de a servirem toda a vida.