segunda-feira, 2 de julho de 2012

Drawings and embroidery

Just a quick post with two pictures of a drawing I'm currently painting (St. Catherine based on a illuminure from a book of hours of King D. Duarte of Portugal - 15th century) and Ana's embroidery, based on a portuguese fairy tale (The Crow's bride).




Um post rápido com duas fotografias de trabalhos que temos em mãos: um desenho de Stª. Catarina, baseado numa iluminura do Livro de Horas de D. Duarte (Séc. XV) e um bordado da Ana, baseado numa lenda medieval portuguesa - A noiva do Corvo


Havia n'uma terra uma mulher, que tinha em sua companhia um corvo. Defronte d'ela moravam três raparigas muito lindas. Como o corvo queria casar, mandou falar á mais velha; respondeu-lhe que não, e o corvo raivoso arrancou-lhe os olhos. Sucedeu o mesmo com a segunda, até que a terceira sempre se sujeitou a casar com o corvo.
Tempos depois de já viverem na sua casa, a rapariga falou a uma vizinha no seu desgosto de estar casada com um corvo; a vizinha aconselhou-lhe que lhe chamuscasse as penas, porque podia ser obra de encantamento, e assim se quebraria. Quando á noite se foram os dois deitar, a rapariga chegou a candeia às penas do corvo; ele acordou logo, dando um grande berro:
- Ai, que me dobraste o meu encantamento! Se me queres salvar, vai pôr-te àquela janela, e todos os pássaros que vires, chama-os e pede-lhes assim: «Venham, passarinhos, venham despir-se para vestir el-rei que está nu». De facto os passarinhos começaram a vir poisar na janela, e cada um deixava cair uma pena com que o corvo se foi cobrindo. Depois que ficou outra vez emplumado, o corvo bateu as asas, e desapareceu, dizendo para a mulher:

Agora se me quiseres tornar a ver
Sapatos de ferro hás-de romper.

A pobre rapariga ficou sozinha toda aquela noite, e logo que amanheceu foi comprar uns sapatos de ferro e meteu-se a correr o mundo. Tinha os sapatos quase estragados de andar, quando encontrou um velho e lhe perguntou se não tinha visto um pássaro. O velho respondeu:
- Eu venho da fonte da Madrepérola, onde estavam bastantes.
Ela continuou o seu caminho, e antes de chegar á fonte ali encontrou um corvo, que lhe disse:
- Olha, se quiseres salvar o rei, vai á fonte, onde estará uma lavandeira a lavar um vestido de penas, tira-lho e lava-o tu. Ao pé da fonte está uma casa, e um velho que a guarda; entra aí, mata o velho para poderes quebrar todas as gaiolas e dar a liberdade aos pássaros que ele tem lá presos.
A rapariga chegou á fonte, e fez como o corvo lhe tinha dito; lavou o vestido de penas, e depois entrou na casa onde estava o velho, fingiu que via vir pelo mar uma linda embarcação; o velho chegou-se á janela e a rapariga pegou-lhe pelas pernas e deitou-o ao mar. Depois quebrou todas as gaiolas e os pássaros em liberdade tornaram-se príncipes que estavam encantados, e entre eles estava o seu marido, que era rei e lhes pôs obrigação de a servirem toda a vida.

Sem comentários:

Enviar um comentário